Seja mais consciente e tenha uma Alimentação Sustentável
- Helena Coelho
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- Publicado em: 2020-06-15
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- ▸ Sustentabilidade

Numa altura em que a corrida ao supermercado é uma romaria, em que se fala da importância de minimizar o desperdício alimentar, de sermos menos consumistas e de pensarmos na nossa pegada ecológica…vamos falar de alimentação sustentável para que todos possamos contribuir para uma alimentação mais consciente, mais responsável perante os outros e o ambiente.
Ter uma alimentação sustentável ou amiga do ambiente requer ter um conhecimento mais profundo de toda a cadeia de logística do produto, requer uma sensibilidade maior para o tipo de alimentos que compramos, como por exemplo o seu processo de produção, o tipo e quantidade de recursos naturais consumidos, o tipo de embalamento ou ainda quantos quilómetros viajou até chegar à loja, e por fim a nossa casa! Ou seja, é ir muito mais além da reciclagem e da redução do consumo de água ou de energia em casa.
O aumento da população mundial levou ao intenso e crescente desenvolvimento da indústria alimentar, intensificando a agricultura e a produção animal em massa. Toda esta sobrecarga originou repercussões com impacto negativo no ambiente, surgindo assim o conceito de alimentação sustentável.
Segundo a definição da Food and Agriculture Organization (FAO 2015), uma alimentação sustentável tem baixo impacte ambiental e contribui para a segurança alimentar e nutricional da população, assim como para o seu estado de saúde, tanto no presente como no futuro.
Segundo a FAO estima-se que em 2050, seremos 9 mil milhões de pessoas no mundo, pelo que será preciso produzir mais 60% de alimentos. Tendo esta visão do futuro e, com base na cadeia alimentar composta por diferentes etapas onde em cada uma delas há vários fatores que influenciam o impacte ambiental, é possível ter uma noção do elevado peso que tem o nosso tipo de alimentação no consumo de recursos como água, energia, solos, matérias-primas e combustíveis fósseis.
Fonte: Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro – uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar
Deixo algumas sugestões para que tenha uma alimentação mais sustentável
1 – Compre a granel e minimize o uso de embalagens descartáveis
Atualmente já temos várias opções de supermercados que têm os seus produtos a granel, dando assim a oportunidade de enchermos a despensa comprando avulso e evitando o consumo de produtos embalados e na quantidade desejada. O ambiente agradece ao trazer menos lixo para casa.
No caso de optar por produtos com embalagem, escolha embalagens familiares, em vez das individuais e, reutilize sempre que possível. Por exemplo, a caixa dos ovos, ou mesmo a caixa de tomate cherry pode reutilizar, vezes sem conta. Escolha embalagens mais ecológicas, como as de cartão e evite as de plástico.
2 - Leve os seus sacos de compras reutilizáveis
Opte por sacos de algodão que são mais ecológicos, práticos, versáteis, resistentes e facilmente laváveis, e reutilizáveis…Se forem de algodão biológico ainda melhor, dado que não foram usados na sua produção, herbicidas e pesticidas que põem em causa a saúde humana e a riqueza nutritiva dos solos. Pode ainda encontrar panos ou roupas que já não usa e dar uma nova vida num saco de pano personalizado.
Caso tenha sacos de plástico ou de papel, reutilize-os vezes sem conta até irem para a reciclagem.
3 – Compre produtos portugueses
Apoie a nossa agricultura e os produtores locais, e compre cá dentro. Minimize a pegada ecológica das suas compras ao comprar produtos com o mínimo de quilómetros de viagem até sua casa. Assim não contribui para o aumento da concentração de CO2 e de emissões de Gases com Efeito de Estufa, libertado pelos nossos tubos de escape.
4 - Consuma mais produtos de origem vegetal
Evite refeições à base de alimentos de origem animal, e opte mais vezes por refeições que incluam produtos de origem vegetal, tais como, cereais integrais, leguminosas, sementes, e fruta.
Neste contexto, pelo menos metade do prato deverá ser ocupado por produtos de origem vegetal e uma minoria pelos produtos de origem animal, preferencialmente peixe e carnes magras.
Conheça melhor a Dieta Mediterrânica, por ser um bom exemplo de alimentação sustentável, ao promover o consumo de alimentos de origem vegetal, pouco processados e de acordo com a sua sazonalidade. A Dieta Mediterrânica pode ser uma das alternativas mais adequadas para modificar hábitos de consumo, de forma a promover uma alimentação mais saudável e sustentável.
5 – Compre em mercados locais e produtos de acordo com a sua sazonalidade
Faça por conhecer os mercados locais existentes junto à sua residência e contribua para a promoção da economia local, redução das emissões de CO2 e uso de embalagens descartáveis. Se forem pequenos produtores de agricultura biológica certificada e avulso…ainda melhor! Estes produtos ficam mais baratos ou ao mesmo preço que os produtos da agricultura convencional.
Opte também por alimentos da época que têm, geralmente, características nutricionais e organoléticas (sabor, odor, cor) superiores aos outros. São produtos mais frescos e que se encontram em condições de maturação adequadas para consumo. Estes alimentos também têm um custo económico e ambiental inferior ao dos alimentos consumidos fora da época.
Calendário da Sazonalidade - Produtos Hortícolas
Fonte: Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro – uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar
Calendário da Sazonalidade - Fruta e Frutos Oleaginosos
Fonte: Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro – uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar
6 - Minimize o desperdício alimentar
Uma vez por semana, pare e defina o planeamento antecipado das refeições da semana através de uma listagem de produtos alimentares a adquirir para essa semana. Verifique os ingredientes que tem em casa e compre apenas aqueles de que necessita. Permite uma gestão alimentar mais eficaz e minimiza a quantidade de recursos utilizados, tendo também um impacto positivo no orçamento familiar.
A tendência para o alongamento das cadeias distancia o produtor do consumidor, obrigando a mais operações de manuseamento nas etapas intermédias e à maior demora no percurso. A deterioração dos produtos alimentares é assim promovida, especialmente se ao longo da cadeia não houver infraestruturas adequadas para a conservação dos alimentos, nomeadamente ao nível da refrigeração. Recursos como solo, energia e água são usados e, por vezes, esgotados na produção de alimentos que acabam por ser desperdiçados.
Opte também por servir pequenas quantidades de alimento, e voltar a servir se for caso. Assim evitará desperdiçar comida que foi servida no prato. As sobras, poderá aproveitar para servir no dia seguinte, ou congele para consumir noutra altura.
Segundo a APN existem cerca de 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos que são desperdiçados ou perdidos anualmente, cerca de 1/3 do que é produzido. A mesma fonte, refere que 34% dos portugueses (mais de 3,5 milhões) consomem mais de 100 gramas de carne por dia, segundo o último inquérito alimentar, sendo necessários 15.500 litros de água para produzir um quilograma de carne de vaca.
Fonte: Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro – uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar
Fonte: Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro – uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar
A produção de carne de vaca e leite é a principal responsável pelas emissões, muito por culpa do metano, um gás de efeito de estufa, o qual resulta principalmente do processo de digestão dos animais ruminantes e da decomposição do estrume animal.
7 - Economize energia
Para economizar mais energia, opte por recorrer às panelas de pressão, visto que permitem cozinhar mais rapidamente, utilizando menos recursos. Evite o uso do forno, onde o consumo de eletricidade é muito elevado. Caso cozinhe em panela, mantenha a panela tapada, e desligue o fogão pouco tempo antes do final da cozedura.
8 - Mínimo de alimentos processados
Os alimentos processados são menos saudáveis por terem um perfil nutricional pouco interessante, e é devido aos corantes, conservantes, adoçantes e emulsionantes que lhes são acrescentados, que se consegue prolongar o seu tempo de conservação. São muito menos sustentáveis por serem necessários, na sua produção, quantidades elevadas de água, energia e combustíveis, bem como no seu embalamento. (p.e. congelação, refrigeração, sem cadeia de frio).
9 - Adeque a refrigeração dos alimentos
Higienize e seque bem os alimentos frescos antes de os guardar no frigorífico ou na fruteira. Isto evita a proliferação de bactérias que possam estar na superfície de frutas e legumes. Os alimentos devem ser conservados entre 1 e 5º C no frigorifico para maior frescura e longevidade.
Arrume a sua despensa, colocando os alimentos com maior prazo de validade atrás e coloque os mais antigos à frente, para que sejam consumidos primeiro que os restantes.
10 - Repense, Reduza, Reutilize, Recicle e faça a Compostagem
Repense um pouco nos seus hábitos de consumo e tome medidas para reduzir o seu desperdício alimentar. Reutilize alimentos para novas receitas de culinária e por fim, recicle sempre que possível os recursos utilizados. Coloque as cascas dos frutos e legumes num recipiente de compostagem e em poucos meses obterá um composto valioso para as suas plantas. Deste modo, está a contribuir para o seu bem estar, equilíbrio do planeta e saúde das gerações futuras.
Fonte: Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro – uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar
Autor: Helena Coelho
Sou licenciada em Engenharia do Ambiente, com Pós-Graduação em Sistemas de Gestão Integrados em Qualidade, Ambiente, Segurança e Responsabilidade Social.
O meu percurso profissional passa por mais de 10 anos em sustentabilidade empresarial em inúmeros setores de atividade tais como, Turismo, Banca, Retail, Construção, e TIC onde realizei auditoria e consultoria em processos de elaboração de relatórios de sustentabilidade, envolvimento de stakeholders, avaliação de desempenho e gestão de riscos e oportunidades, bem como a implementação e manutenção de Sistemas de Gestão Integrados. Foi durante a minha experiência com a maternidade que decidi dar vida à MyEcoBaby.
A MyEcoBaby pretende dinamizar um consumo mais consciente e um estilo de vida mais responsável ao disponibilizar produtos eco-sustentáveis para toda a família, privilegiando a infância, bem como uma plataforma de informação para uma atitude mais eco-friendly.